27.12.07

CAMINHOS DE PEDRA

Entramos em Bento Gonçalves apenas para conhecer os Caminhos de Pedra. Para quem não sabe, essa rota turística rural é composta por inúmeras casas de pedra construídas no período da colonização italiana. Fazia um calor infernal e lá fomos nós naquele sobe e desce das ruas de Bento. Me desculpem os nativos do lugar, mas que cidadezinha mais horrorosa. É tanta lomba que cansa só de olhar. Uma cidade que cresceu muito, com mais carros do que poderiam suportar suas estreitas ruas cheias de ladeiras. Bem, mas vamos às tais casas de pedra. Muitas delas são do tipo "pra turista ver", com produtos artesanais, vinhos, queijos e quinquilharias para vender. O roteiro se divide em pontos de visitação e pontos de observação. Evitamos aquelas dos pontos comerciais e fomos atrás das outras. E valeu a pena. Há quem diga que quem gosta de casa velha é morcego, mas eu amo casas velhas.


A primeira delas chama-se Casa Merlo e foi constuída em 1889 com pedras de basalto irregular de cor preta, unidas entre si com uma mistura de feno, palha de trigo e estrume de vaca. Seguimos depois para a Casa Merlin. Faz jus ao nome de mago: está abandonada e em mau estado de conservação, mas mantém viva a beleza e a imponência, especialmente se pensarmos na época em que foi construída. É a maior casa de toda a região e foi construída por um italiano chamado Pietro Merlin, que pelo visto tinha família grande e estava prosperando: a casa tem 3 pavimentos e 43 janelas.

Logo adiante está a parte mais singela e mais cativante da visitação às casas. Trata-se de um conjunto de casas construídas a partir de 1878 pela famíia Barp, todas em pedra. Foram sendo construídas ao longo do tempo pela família e numa delas ficava a cozinha e a sala e na outra a residência, com os dormitórios. Conta-se que seu porão foi feito para funcionar como estábulo onde, durante os rigores do inverno, os moradores dormiam junto com os animais para se aquecerem. Fomos recebidos pela D. Helena, descendente da família, que me mostrou a parte mais antiga, tudo com jeito meio abandonado e descuidado, mas com cheiro de vida e naturalidade, nada parecido com lugares bem produzidos, feitos para turista ver. Era esse o encanto do lugar. Podia-se sentir ali a presença da história das pessoas. E pra mostrar que tudo ali ainda estava vivo como sempre, um gato nos observava do alto de uma janela, com olhos de sono. Nada poderia ser mais bonito! Para completar o encanto, uma ninhada de gatinhos.

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