8.2.08

NavegAntes

“Eu queria ser o teu caderninho, pra poder ficar, juntinho de você...”
Parecia que eu havia sido transportada para os anos 60, com o radinho de pilha colado no ouvido e o Erasmo embalando meus sonhos adolescentes. Mas, estávamos mesmo em 2008 e eu, por acaso, havia ido parar na Vila de Itapuã (município de Viamão, região metropolitana de Porto Alegre) bem no dia da comemoração da Festa dos Navegantes.
Os alto falantes animavam a festa com o som da jovem guarda na pequena praça em frente à Igreja, construída no ano de 1875. Os moradores do local se divertiam comendo peixe frito nos botecos, tomando uma cerveja, circulando com bebês e cachorros guaipecas. Quando chegamos, ali pelas 4 e meia da tarde, uma multidão já se reunia para dar início à procissão rendendo homenagem à santa dos navegantes – a Vila de Itapuã abriga uma colônia de pescadores e é sede de um clube náutico.
Enquanto aguardávamos a procissão retornar, demos uma volta na pequena vila, entramos no Clube Náutico - aliás, sem licença - e fizemos umas fotos da praia. O lugar é lindo, Lagoa dos Patos exuberante à nossa frente, convidando a um passeio de barco. Dali saem passeios no barco Farol de Itapuã, com duração de algumas horas ou até de um dia inteiro.





Logo descobrimos que os ares de antigamente não se restringiam às músicas de fundo. Ao lado da Igreja, descobrimos o quê? Uma barraquinha de tiro alvo! Ah, bons tempos em que as pessoas se divertiam com coisas simplinhas e inocentes...
“Esse ano a festa não tá das melhores”, desculpou-se um simpático senhor que cuidava do tiro ao alvo, quando puxamos assunto. Soubemos que dessa vez foi uma das beatas da paróquia que cuidou de tudo e que no próximo ano voltará a ser uma festa grande e bem organizada, como sempre foi.
“A coisa já não é a mesma hoje em dia! Antigamente eu tirava mais de 50 real por dia, agora quando muito dá 15, 20 ...”, queixou-se o “empresário” da barraquinha de tiro ao alvo quando perguntamos se muita gente jogava. Eu não resisti à tentação e dei meu tiro simbólico, já sabendo que as espingardas do jogo não foram feitas para a gente acertar a pontaria. E pelo visto, muito menos para dar lucro ao dono do negócio, ao menos hoje em dia...










Tinha algodão doce, criança vestida de anjinho, barraquinha de artesanato, cachorro solto e feliz, senhoras devotas com velas e flores artificiais. Tinha fé, alegria e simplicidade.





A falta de recursos da festa não tirou o seu encanto. Tomamos um sorvete no Caluna’s e fomos embora de alma lavada, depois do pôr do sol. Quem sabe não voltamos no próximo ano?


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