Alguém aí já fez a viagem de Veranópolis a Antônio Prado, via Nova Roma? Não? Pois eu recomendo, especialmente para a talianada, que curte apreciar a vida e as paisagens da imigração italiana na serra gaúcha. O caminho é de chão, claro, meus caminhos preferidos são sempre os de terra, muito pó puro, que quando eu era criança me diziam que fazia bem pro pulmões. Pros pulmões eu não sei, mas pra alma...
Bem, pois esse trajeto é lindo, passa pelo rio das Antas e outros pequenos afluentes, muitos parreirais e capitéis, porque gringo, você sabe, é católico até as orelhas. Igrejinhas bonitas no meio do campo também não faltam e a gente fica imaginando as famílias, com roupas de domingo, indo à missa. É na na paróquia que se paquera, se namora, se faz festa, fecha negócios e se casa.
No meio do caminho, um pouco antes de se chegar a Nova Roma, encontra-se um pequeno rio, sem ponte. Ali, há uns 5 anos atrás, colocaram uma balsa pra atender o movimento de automóveis, provocado pelas barragens que estão sendo contruídas na região. Atravessar um rio de balsa é uma das coisas mais deliciosas de uma viagem pelos cudimundos dessa vida. Fazia muito tempo que eu não via uma. Não sei se todas as balsas tem, mas essa tinha uma campainha! Pendurada numa árvore, com a devida placa indicadora escrita no mais popular português, está a tal campainha que você aciona para chamar o seu Zulmiro de Bassani. Seu Zulmiro é funcionário da prefeitura e, acreditem, gosta do que faz. Pra ele não tem tempo ruim: pode estar chovendo ou fazendo menos de zero grau às 2 da manhã, que ele se levanta, põe uma capa e atende ao chamado da campainha. A esposa e os filhos dão uma mão. E lá vem e vai seu Zulmiro puxando o cabo da balsa pra lá e pra cá. Me espanto ao ver que ele passa o dia nesse muque todo e ele responde: "é balsa movida a polenta!". Ah, que vontade de provar a polenta! Ele quer saber de onde estamos vindo e pra onde vamos. E é a vez dele se espantar com alguém que queira ir a Nova Roma por ali, sem ter um parente lá ou outro motivo relevante. Isso não costuma ser roteiro turístico. E diz: "isso aqui é um lugar muito bom pra morar. Não é como na cidade grande... Eu deixo meu fusca aberto com a chave e tudo, não fecho nunca, a não ser quando chove!"
Uma parte de mim morre de inveja do seu Zulmiro que, enquanto estou aqui ouvindo a chuva pela janela com grades e contando essa história, está lá: correndo pra fechar a porta do fusca e vendo a chuva cair no rio.
2 comentários:
Olá, queria parabenizar-te pelos belos posts. Com certeza não se tira proveito somente pela leitura agradável, e sim pelo belo guia de viagens que se apresenta, parabéns !
Obrigado, nossa que responsa, uma psicológa lendo minhas tralhas !
Me senti lisonjeado .
Há, então quando voltar de viagem e der uma rolada no meu blog, pode comentar nele mesmo, vou adorar !
Abração e boa viagem !
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